Pequenas Histórias

Foi-me diagnosticada diabetes mellitus tipo 1 quando tinha 10 anos. lembro-me desse dia como se tivesse sido ontem, pois marcou-me imenso. Não sabia o que era nem conhecia ninguém com diabetes, por isso sentia-me sozinha, perdida e incompreendida. 


Viver com a diabetes nem sempre foi fácil. inicialmente sentia-me frustrada e revoltada com o que me tinha acontecido. Os olhares estranhos e indiscretos quando administrava a insulina; os comentários "coitadinha é diabética" ou "é diabética porque come muitos doces"; a rotina de ver a glicemia e comer às horas certas; as constantes hiperglicemias apesar de seguir o regime alimentar e terapêutico e, também a sensação de hipoglicemia não ajudavam nada...Então, comecei a comer doces às escondidas, ignorava todos os conselhos que a família dava, alterava os valores das glicemias e deixava o glucometro e a insulina em casa, pois não gostava de andar com aquilo nem de andar a picar-me constantemente.
 
Esta situação durou algum tempo, até eu conhecer uma pessoa que mudou a minha perspetiva e atitude perante a diabetes. Esta pessoa era um senhor, também diabético e tinha tido os mesmos comportamentos que eu, acabando por ficar cego. O seu testemunho e o seu sofrimento fizeram-me abrir os olhos, porque eu não queria ficar cega, tinha imensos planos para o meu futuro e não queria que as complicações de uma diabetes descompensada interferissem nos meus planos.
 
A partir daquele dia, passei a ter mais cuidado com a minha alimentação, com a terapêutica e a ver a glicemia mais vezes ao longo do dia... hoje sinto orgulho em saber que ultrapassei todas as dificuldades e tenho a minha diabetes controlada...é como se fizesse parte de mim...
 
Faço tudo naturalmente e sem complicações: saio à noite, divirto-me com os meus amigos, pratico desporto e, muito mais. Enfim, vivo a vida ao máximo, de maneira equilibrada!
Ser Jovem com Diabetes, pag 122-123
 
 
 
Quando temos um problema, uma das etapas mais complicadas mas também essencial é nós admitirmos que o temos...
 







...e o aceitarmos!
 
 
Quando é algo muito complexo penso que é necessário amigos e a família para nos apoiar, pois sem ajuda tudo se torna mais obscuro.
 
Ainda assim, a resolução do problema só depende de nós, pois mesmo que seja algo para toda a vida (como a diabetes), cabe a nós transformar o problema num facto, algo que faz parte da nossa vida.
 
Texto: Beatriz Almeida (17 anos, diabética)
Imagens: Internet
 
 
 
 

Corria o ano de 1983 quando o jornal Texarcana Gazete publicou a seguinte notícia: JerryLong está paralisado do pescoço para baixo desde que, há 3 anos, um acidente de mergulho o deixou tetraplégico. Tinha 17 anos quando o acidente teve lugar. Hoje, Long consegue usar um ponteiro bucal para escrever no computador. Frequenta 2 cursos no Community College por meio de um telefone especial. O intercomunicador permite a Long ouvir e participar nas discussões da aula...
 
Long escreveu uma carta a Vitor Frankl em que dizia:
 
Encaro a minha vida como estando cheia de sentidos e de objetivos. A atitude que adotei naquele dia fatídico tornou-se o meu credo pessoal de vida: parti o pescoço, mas isso não me derrotou!
Estou atualmente inscrito no meu 1º Curso de Psicologia na universidade. Estou convencido que a minha deficiência só aumentará a minha capacidade para ajudar os outros. Sei que, sem o sofrimento, o crescimento que alcancei não teria sido possível.
 
 
Comenta Vitor Frankl:
 
Se, uma pessoa não puder alterar uma situação causadora de sofrimento, pode ainda assim escolher a sua atitude. Long não escolheu partir o pescoço, mas decidiu realmente não se deixar vencer pelo que lhe aconteceu!
 
 
 





COME TU MESMO A FRUTA

Em certa ocasião queixava-se um discípulo ao seu Mestre:

- Sempre nos contas histórias, mas nunca nos revelas os seus significados...

O Mestre respondeu-lhe:

- Por acaso gostavas que alguém te desse a fruta já mastigada?

Ninguém pode descobrir o TEU PRÓPRIO significado por tua vez! Nem sequer o Mestre!

Anthony de Melo in El Canto del Pajaro






QUEM ÉS TU?

Uma mulher estava em fim de vida. De repente, teve a sensação de que era levada ao céu e apresentada ao Tribunal.

- Quem és tu? - disse uma Voz.

- Sou a mulher do presidente. - respondeu ela.

- Perguntei-te quem és, não com quem estás casada.

- Sou mãe de 4 filhos.

-Perguntei-te quem és, não quantos filhos tens.

-Sou professora numa escola.

- Perguntei-te quem és, não qual a tua profissão.

E assim sucessivamente. O que quer que fosse que respondesse não era uma resposta adequada à pergunta "QUEM ÉS TU?"

Acabou por chumbar no exame e foi enviada de novo à terra . Quando recuperou da sua doença, decidiu averiguar quem era. E tudo foi diferente...

Tony de Mello in La Oración de la Rana
 

Um Testemunho

28 anos, diabetes há 18 anos.

Tinha 10 anos quando incluí na minha vida a insulina, a máquina de glicemia e hábitos alimentares mais saudáveis.
Não foi difícil e ainda hoje não o é.
Fazer da diabetes uma caraterística minha foi o melhor truque que arranjei.
Caminhamos lado a lado e nunca uma contra a outra.
Com 12 anos fui a um campo de férias para jovens com diabetes...percebi que é possível realizar todos os sonhos da nossa vida mesmo tendo diabetes.
Naquela semana fiz amigos que mantenho até hoje, amigos que vou guardar para sempre, e isso é o melhor que a diabetes me deu, as pessoas que conheci e que continuo a conhecer diariamente.
...
Adaptar a diabetes à minha vida e não a minha vida à diabetes é o lema que me move ao longo destes quase 18 anos...
Sem dúvida que ter diabetes contribuiu para a pessoa que sou hoje: perseverante, lutadora, positiva e sorridente!
In: Ser Jovem com Diabetes, pag 24-25


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